terça-feira, 4 de outubro de 2011

Primeiro encontro (ou histórias de casamento)

Dona Eunice e seu Dirceu estão casados há 37 anos; seu Vanderlei e dona Loreda acabam de completar 30. Há duas semanas, os dois casais foram apresentados oficialmente. Era um domingo e a desculpa era a de mostrar ao seu Dirceu e à dona Nice o sítio em que o filho iria casar, na serra da Cantareira - a reserva do espaço havia sido feita um mês antes. Claro, quem nos conhece sabe que o filho sou eu e os outros dois pais (d. Loreda e seu Vanderlei) são da Rê. Logo após a ‘visita de inspeção’ os dois casais foram foram almoçar num bucólico e rústico restaurante da serra da Cantareira.
Como é comum nesse tipo de situação, a primeira conversa sai meio encabulada, marcada por uma indisfarçada procura de assuntos em comum. De certa forma, é um troco que nós, noivos, estamos dando por aquela também encabulante situação em que vamos pela primeira vez na casa da namorada (ou do namorado) justamente num jantar em família -  um momento em que, no fundo, no fundo, acho que todo mundo gostaria de se transformar em avestruz pra enfiar a cabeça embaixo da terra.  
Fato é que, numa história feita de algumas coincidências, meus pais, ja aposentados, acabam de voltar de uma temporada em Maceió; os da Rê estão indo pra lá em um mês. Seu Dirceu, assim como seu Vanderlei, fez carreira no setor público. E dona Eunice, assim como a dona Loreda, hoje aproveita a terceira idade numa espécie de nova vida, dividida entre a vida na academia de ginástica e a vida num grupo de melhores amigas. E, aos poucos, os tais ponto em comum vão aparecendo e a protocolar apresentação vai se transformando numa conversa fluida.
Num brinde pra comemorar o encontro, seu Dirceu fala da importância da tolerância como forma de manter um relacionamento por tanto tempo; seu Vanderlei concorda. A coincidência mais importante é, afinal, a forma como marido e mulher aprenderam, ao longo de tantos anos, a viver com o que têm de melhor e de pior.  No fim das contas, acho buscamos gente quem, de alguma forma, se pareça conosco. E, por mais que os tempos mudem, o que fica são as histórias como a dona Loreda e do seu Vanderlei, e da dona Nice e do seu Dirceu.


DV


PS. Acho que a música mais óbvia pra ilustrar esse post é 'Como os nossos pais', do outrora desaparecido cantor Belchior, aqui na interpretação da Elis. Alguém indica outra?